quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nossos Girassóis





 
Pessoal, apesar da greve, nossas plantas estão crescendo... Nossa horta produzindo (pouquínho, mas compensador......... rsrsrsrsr). E, entre uma leira e outra, aproveitamos os espaços com outras plantinhas, que tambem alimentam a alma!!
Esta semana em especial,  a natureza nos presenteou com estes girassóis. Há muito esperávamos por eles, é uma pena que as nossas crianças não estejam por aqui para mostrarmos o quanto interessante são os girassóis.


 
A princípio eles nos parecem flores simples, até meio brutas. Mas, alem de levar muito tampo se preparando, pois crescem devagar (esperamos uns 3 meses) enfrentaram inimigos como as formigas, o vento, as chuvas fortes. Mas, de repente eles se abrem!!!!!  

O girassóiss apresentaram com um talo meio frágil, tímidos, mas de uma beleza esplêndida.
Sou suspeita de falar, porque sempre fui apaixonada por girassóis, e quando apareceu um sepaço livre, a primeira coisa que fiz foi jogar a semente de girassol, e torcer por este momento.....



Até breve!
Helena

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Rosa vermelhaRosa vermelha A Horta




                                         O texto foi adaptado da belíssima obra de Rubens Alves, A Horta 
(site: A casa de  Rubens Alves - http:/www.rubensalves.com.br/ahorta.htm


“Uma horta é uma festa para os cinco sentidos. Boa de cheirar, ver, ouvir, tocar e comer. É coisa mágica, erótica, o cio da terra provocando o cio dos homens”.


"...Cheguei de viagem e antes de entrar em casa fui ver a minha horta. O mato crescera muito. Mas minhas plantas também. O verde anunciava uma exuberância de vida, nascida do calor e das chuvas que se alternavam sem parar. O meu coração se alegrou. Pode parecer estranho, mas é pelo coração que me ligo à minha horta. Daí a alegria... Estranho porque para muitos a relação acontece através da boca e do estômago. Horta como o lugar onde crescem as coisas que, no momento próprio, viram saladas, refogados, sopas e suflês. Também isso. Mas não só. Gosto dela, mesmo que não tenha nada para colher. Ou melhor: há sempre o que colher, só que não pra comer". 

“Horta se parece com filho. Vai acontecendo aos poucos, a gente vai se alegrando a cada momento, cada momento é hora de colheita. “

Horta é coisa boa de se cheirar. .............


"...Pois, se eu pudesse, faria uma teologia inspirada na horta, e o meu Deus teria o cheiro das folhas do tomateiro depois de regadas...
 

"... e também da hortelã...

"... do manjericão, do orégano, do coentro” 

 "....Os cheiros moram na horta, e quem não se dá o trabalho de cultivá-la não pode ter a alegria de reconhecê-los...."



 
"...Horta é coisa boa de se ver...


"...Dizem os poemas sagrados que Deus Todo-Poderoso, depois de criar todas as coisas, parou, deixou cair os braços e foi invadido pelo puro deleite de ver a beleza de tudo o que existia. Ver é experiência estética, não serve para coisa alguma. Diferente do comer. Comer é útil. A mãe insiste com a criança: “Coma o espinafre, meu bem, ele faz você ficar forte.” O “ficar forte” justifica suportar o gosto ruim: é a utilidade da coisa".

"...Mas nada disso se pode dizer do ato de ver. Ver os espinafres, as couves, as alfaces, os tomates não é útil para coisa alguma, não serve para nada. Mas faz bem à alma. “Não só de pão viverá o homem”, diz o texto sagrado. Vivemos também das coisas belas".


"Horta também é coisa boa de se ouvir...
 
"...Ora, direis, ouvir a horta... Plantas não dizem nada, não cantam! Se fosse passarinho, ou o mar, ou as casuarinas, se compreenderia. Mas a horta? Horta é coisa calma e silenciosa. E isso é bom. Ouvir o silêncio..."



"...As pessoas exigem sempre uma palavra. Têm medo de ficar quietas. Entram em pânico quando o assunto acaba, começam a falar bobagens só por falar, porque é melhor dizer besteira que ficar ali na presença do outro, sem nada dizer e sem nada ouvir.
Com as plantas é diferente. Elas nos tranqüilizam. Se quisermos falar com elas, tudo bem. Acho que gostam. Mas o melhor de tudo é que, ao falar com elas, não é preciso fingir, porque as plantas são extremamente discretas. Guardam os segredos com uma fidelidade vegetal...
 
 "...E as hortas são também coisas boas de se tocar...
 
" Sentir o capim molhado, enfiar a mão na terra... 






" ...E a terra. Não, não é sujeira. Terra preta com esterco: ali a vida está acontecendo, invisivelmente..."


"... Meu destino. Um dia serei terra, de mim a vida poderá nascer de novo. As crianças, sem que ninguém as ensine, sabem dessas coisas. Somos nós que dizemos que terra é sujeira, porque preferimos os carpetes assépticos e mortos e os pisos vitrificados onde mão nenhuma pode penetrar. Brincar com a terra, conquistar sua dureza, misturar o esterco esfarelado, senti-la leve e solta, esguichar a água..."


Há, por fim, o ato supremo de comer.
A horta é lugar de coisas boas para comer, ali onde se planta a amizade pelo corpo, onde se plantam os objetos do nosso desejo, que nos fazem alegres quando estão de fora e mais alegres ainda quando os colocamos na boca e dizemos: “Que gostoso!!..


" Sem saber, estamos afirmando nossa solidariedade com a terra. A horta é parte do meu corpo, do lado de fora, e é por isso que pode ser comida, entrar, transformar-se em vida, minha vida. Eu dou vida à horta, preparo a terra, planto as sementes, rego, elas vivem, e depois se oferecem a mim, através do meu desejo.


 


 

Pois é, horta é algo mágico, onde a vida cresce e também nós, no que plantamos.

Daí a alegria. E isso é saúde, porque dá vontade de viver. Saúde não mora no corpo, mas existe entre o corpo e o mundo - é o desejo, o apetite, a nostalgia, o sentimento de uma fome imensa que nos leva a desejar o mundo inteiro. Alguém já disse que somos infelizes só porque não podemos comer tudo aquilo que vemos. Concordo em parte, pois há aqueles que vêem tudo, mas não desejam nada. 

Uma horta é um bom lugar para começar. E pra continuar, até acabar. Seria bom saber que alguém colherá coisas que nós semeamos, depois da nossa partida, e as plantas continuarão, como um gesto nosso de amor.


 (O quarto do mistério, Papirus, 1995).